Forró é um ritmo e dança
típicos da Região Nordeste do Brasil,
praticada nas festas juninas e outros eventos. Diante da
imprecisão do termo, é geralmente associado o nome como uma generalização de
vários ritmos musicais do Nordeste, como baião, a quadrilha, o xaxado,
que têm influências holandesas e o xote, que tem influência
portuguesa. São tocados, tradicionalmente, por trios, compostos de um sanfoneiro (tocador
de acordeão, que no forró é tradicionalmente a sanfona de
oito baixos), um zabumbeiro e um tocador de triângulo. Também é
chamado arrasta-pé, bate-chinela, fobó.
O forró possui semelhanças com o toré e
o arrastar dos pés dos índios, com os ritmos binários portugueses e holandeses,
porque são ritmos de origem europeia a chula,
denominada pelos nordestinos simplesmente "forró", xote e variedades de polcas europeias que
são chamadas pelos nordestinos de arrasta-pé e ou quadrilhas. A dança do forró
tem influência direta das danças de salão europeias, como evidencia nossa
história de colonização e invasões europeias.
Além do forró tradicional,
denominado pé-de-serra, existem outras variações, tais como o forró eletrônico, vertente estilizada e
pós-modernizada do forró surgida no início da década de 90 que
utiliza elementos eletrônicos em sua execução, como a bateria, o teclado,
o contrabaixo e
a guitarra elétrica; e o forró universitário, surgido na capital
paulista no final da década de 90, que é uma espécie de revitalização do forró tradicional, que eventualmente acrescenta
contrabaixo e violão aos instrumentos tradicionais, sendo a principal
característica os três passos básicos, sendo um deles o "2 para lá 2 para
cá", que veio da polca.
Conhecido e praticado em todo o
Brasil, o forró é especialmente popular nas cidades brasileiras de Caruaru, Campina
Grande, Mossoró e Juazeiro do
Norte, que sediam as maiores Festa de São João do país. Já nas capitais Aracaju, Fortaleza, João Pessoa, Natal, Maceió, Recife, Teresina e Salvador,
são tradicionais as festas e apresentações de bandas de forró em eventos
privados que atraem especialmente os jovens.
Origem do nome
O termo "forró",
segundo o filósofo pernambucano Evanildo
Bechara, é uma redução de forrobodó, que por sua vez é uma
variante do antigo vocábulo galego-português forbodó,
corruptela do
francês faux-bourdon, que teria a conotação de desentoação[1] .
O elo semântico entre forbodó e forrobodó tem origem,
segundo Fermín Bouza-Brey, na região noroeste da
Península Ibérica (Galiza e norte de Portugal), onde "a gente dança a
golpe de bumbo, com pontos monorrítmicos monótonos desse baile que se chama forbodó"
Na etimologia popular (ou pseudoetimológica)
é frequente associar a origem da palavra "forró" à expressão da
língua inglesa for all (para todos). Para essa versão foi
inventada uma engenhosa história: no início do século XX,
os engenheiros britânicos,
instalados em Pernambuco para construir a ferrovia Great Western,
promoviam bailes abertos ao público, ou seja for all. Assim, o termo
passaria a ser pronunciado "forró" pelos nordestinos. Outra versão da
mesma história substitui os ingleses pelos estadunidenses e Pernambuco por Natal (Rio Grande do Norte) do período da Segunda Guerra Mundial, quando uma base
militar dos Estados Unidos foi instalada nessa cidade.
Apesar da versão bem-humorada,
não há nenhuma sustentação para tal etimologia do termo. Em 1912, estreou a peça teatral "Forrobodó",
escrita por Carlos Bettencourt (1890-1941) e Luís Peixoto (1889-1973),
musicada por Chiquinha Gonzaga[6] e
em 1937, cinco anos antes da instalação da referida base militar em território
potiguar, a palavra "forró" já se encontrava registrada na história
musical na gravação fonográfica de “Forró na roça”, canção composta por Manuel
Queirós e Xerém.
Os bailes populares eram
conhecidos em Pernambuco por "forrobodó" ou
"forrobodança" ou ainda "forrobodão"
já em fins do século XIX.[7]
O forró tornou-se um fenômeno pop em
princípios da década de 1950. Em 1949, Luiz Gonzaga gravou
"Forró de Mané Vito", de sua autoria em parceria com Zé Dantas e
em 1958, "Forró no escuro". No entanto, o forró popularizou-se em
todo o Brasil com a intensa imigração dos nordestinos para outras regiões do
país, especialmente, para as capitais: Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Nos anos 60 grandes forrozeiros
fizeram sucesso, tais como Luiz
Wanderley, Nino e Trio Paranoá, Sebastião do Rojão, Zé do Baião e
muitos outros que, posteriormente, caíram no mais completo esquecimento. Uma
possível causa para esse ostracismo vivido pelos cantores de forró dos anos 60
e 70 na atualidade pode ser o desinteresse do grande público pelo forró
tradicional, aliado à falta de apoio por parte dos grandes artistas da MPB
regional.
Nos anos 1970, surgiram, nessas e
noutras cidades brasileiras, "casas de forró". Artistas nordestinos
que já faziam sucesso tornaram-se consagrados (Luiz Gonzaga, Marinês, Dominguinhos, Trio
Nordestino, Genival
Lacerda) e outros surgiram. Foi nessa década que surgiu a moda do forró de duplo sentido, consagrada pelas
composições e interpretações de João Gonçalves. Outros grandes cantores do
período foram Zenilton e Messias
Holanda.
A década de 1980 foi de crise
para o forró, o que fez com que grandes nomes do gênero carregassem na
maliciosidade das letras para atrair a atenção do público. Foi a década do
chamado "forró malícia" representado por nomes como Genival
Lacerda, Clemilda, Sandro Becker, Marivalda entre outros. Foi nessa
década que a bateria (esporadicamente utilizada nos anos 70) foi inserida
oficialmente na instrumentação do gênero, assim como a guitarra,
o contrabaixo e, mais raramente, os metais. A
década de 1980 terminou sem que o gênero conseguisse recuperar o prestígio e,
nos anos 1990, surgia um movimento que procurou dar novo fôlego ao forró,
adaptando-o ao público jovem; era o nascimento do reinado das bandas de
"forró eletrônico", surgidas no Ceará, cuja pioneira foi a Mastruz com
Leite. Outros grandes nomes desse movimento são Calcinha
Preta (que impulsionou o crescimento do forró pelo Brasil e
pelo mundo a fora), Cavalo de Pau, Magníficos e Limão com Mel.
Modernização
do forró
A modernização do forró teve
início a partir do final da década de 1970, quando a bateria passou a ser
utilizada de forma sutil em disco de artistas como Trio
Nordestino, Os 3 do
Nordeste, Genival
Lacerda e outros. Na década de 1980 a bateria, a guitarra e o contrabaixo já faziam parte oficialmente da instrumentação dos discos de forró. Luiz Gonzaga passou
a fazer uso constante desses instrumentos a partir do seu álbum de 1980,
intitulado "O homem da terra" A partir do início da década de 1990,
com a saturação do forró tradicional conhecido como pé-de-serra, surgiu no
Ceará um novo meio de fazer forró, com a introdução de instrumentos como
teclado e saxofone e a exclusão de zabumba e triângulo. Também as letras
deixaram de ter como o foco o modo de vida dos sertanejos, e passaram a abordar
conteúdos que atraíssem os jovens, transformando o gênero numa espécie de música pop com influências de forró.
O
precursor do movimento foi o ex-árbitro de futebol, produtor
musical e empresário Emanuel
Gurgel, responsável pelas bandas Mastruz com
Leite, Cavalo de Pau, Alegria do Forró e Catuaba com Amendoim. O
principal instrumento de divulgação do forró na década de 1990 foi a a rádio
Som Zoom Sat e a gravadora Som Zoom Estúdio pertencentes a Gurgel. Tal
pioneirismo teve críticas de transformar o forró num produto. Em entrevista à
revista Época, declarou Gurgel: "Mudamos a filosofia do forró: Luiz Gonzaga só
falava de fome, seca e Nordeste independente. Agora a linguagem é romântica,
enfocada no cotidiano, nas raízes nordestinas, nas belezas naturais e no
Nordeste menos sofrido, mais alegre e moderno(...)".
Grande parte das bandas de forró
fazem versões de clássicos do pop internacional, numa demonstração da real
afinidade dessas bandas, qual seja, a música pop.
A banda de rock Raimundos fez
muito sucesso nos anos 90 com o gênero, forrocore,
um misto de forró com o hardcore, desde a composição musical até as letras.
Fonte: Wikipédia
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